SALAME COM PIMENTA DO REINO

Isso não é salame com pimenta-do-reino.
É sabor que se revela depois.

Quando a pimenta não entra para queimar —
entra para deixar rastro.

Pimenta-do-reino não grita.
Ela observa.

Ela entra sem anunciar.
Se espalha sem pressa.
E quando você percebe…
já mudou tudo.

Esse salame não busca impacto imediato.
Ele trabalha camada por camada.

Enquanto muitos tratam a pimenta-do-reino como tempero final,
aqui ela é estrutura.

Ela participa da cura.
Dialoga com a carne.
Se funde à gordura.

Não existe “salame base” e “pimenta por cima”.
Existe um sabor só.

O diferencial não está na força da pimenta.
Está no tempo que ela tem para agir.

🔹 Carne bem maturável, que aceita especiaria
🔹 Gordura que carrega aroma, não peso
🔹 Pimenta-do-reino selecionada, fresca e aromática
🔹 Granulometria precisa — nem pó, nem exagero
🔹 Cura lenta, que integra e arredonda o perfil

Aqui, a pimenta não domina.
Ela expande.

No corte, o visual é limpo.
Pontuações escuras, precisas.

O aroma é seco, quente, elegante.
Sem agressão.

Na boca, o salame entra redondo.
A pimenta aparece no meio.
E no final…
fica.

Não queima.
Não cansa.
Marca presença.

É o tipo de salame que pede atenção.
Não pressa.

Antes:
Salame temperado como variação.

Depois:
Salame temperado como identidade.
Como assinatura adulta.
Como escolha consciente.

Depois desse,
o excesso parece imaturidade.

Esse salame não é para quem busca choque.
É para quem valoriza complexidade.

Para quem sabe que o melhor sabor
não acontece na primeira mordida —
acontece na lembrança.

Não é salame para provar rápido.
É salame para entender.

Porque quando a pimenta é bem usada,
ela não muda o produto.
Ela revela o que ele já era.